
Emile Gallé é considerado o mago do vidro. Oriundo de uma família em que lidar com o vidro e a cerâmica era uma tradição, com a sua obra ele marcou a Art Noveau como nenhum outro artista. A principal temática de seus artefatos são flores e folhagens, realizadas em camadas sobrepostas ao vidro, técnica por este desenvolvida, cujo nome em francês é "patê de verre", trabalhando com maestria a opacidade e translucidez do material. Uma produção de fins de século XIX e início do Século XX, traz específicamente paisagens tropicais, inspiradas no Rio de Janeiro, Brasil. A maior autoridade e colecionador destes exemplares é Marcio Roiter/RJ/Brasil, responsável também por boa parte da memória decô do período.
Trabalhando o vidro como forma de expressão, Gallé obtém uma unidade perfeita nas obras em que conjuga princípios estéticos, literários, da filosofia e da arte e, até mesmo das ciências naturais. Extremamente exigente com a qualidade técnica e artística - seja nos trabalhos de cerâmica ou de marchetaria - Gallé foi, sobretudo, o mestre inconfundível na arte do vidro. As produções nas oficinas de Gallé incluíram jarros, púcaros, compoteiras, garrafas, cálices, caixas, tinteiros, fruteiras, serviços de licor, candelabros, canecas de cerveja, cântaros, pitchers, e outros objetos utilitários e decorativos: principalmente os inigualáveis vasos e luminárias. Nestes últimos, à função primordial de iluminar - era o advento da luz elétrica - conjuga-se a criatividade impar do artista que mantém a individualidade em cada peça. São abajures, plafonnières, luminárias de teto e de mesa, entre os quais os conhecidos como cogumelos, que alcançam hoje preços fantásticos.
Os primeiros trabalhos de Gallé eram em cristal claro ou translucente (Clair-de-lune) e as formas usualmente clássicas. A decoração inspirava-se em temas populares da época: mitologia greco-romana, arabesco e caligrafias islâmicas, folclore medieval, paisagens holandesas do século XVII, icnografias egípcia e outras influências evidentes. Feita com a combinação de óxido de cobalto e potássio, "Clair-de-lune" era um azul pálido que tomava o tom de safira brilhante quando a luz refletia sobre ela.
Os últimos trabalhos eram opacos, multicoloridos, com formas naturalísticas que se adaptavam ao tema de que são exemplos os vasos-lírios.
A natureza era a grande fonte de expiração de Gallé: a flora, a zoologia, insetos, borboletas, motivos marinhos compõem decorações e ocupam assimetricamente as superfícies das peças. São desenhos que recriam a natureza de modo realístico, mas transfigurada pela sensibilidade do artista e que se apresenta em colorido vibrante ou se desdobra em nuances suaves revelando suas qualidades de excepcional colorista. O esmalte, a gravura, aplicações e esculturas foram técnicas empregadas isoladas ou conjuntamente por Gallé, além de montagens e bases em bronze e marfim. Os domínios de várias técnicas fazem de Gallé artista, decorador, colorista e paisagista sem igual. É com o processo marqueterie de verre que Gallé atinge a culminância da sua arte.
Emile Gallé nasceu em Nancy, 1846. E morreu na mesma cidade, em 1904. Seu pai Charles Gallé-Reinemer, era proprietário, desde 1845, da oficina de refinação de vidro em Nancy e da fábrica de fayence em Raon-l'Etapes e Saint-Clément. De 1826 a 1865 Emile Gallé faz estudos de Retórica, Filosofia e Botânica em Waimer e, de 1865 a 1866, de Mineralogia. Posteriormente, até fins de 1867, dedica-se à instrução teórica e prática na fábrica de vidro em Meisenthal, fornecedores de matéria prima para seu pai. Já em 1867, Gallé tem seu próprio laboratório para vidro naquele local. A partir de 1870, trabalha na fábrica de faiança do seu pai, em Saint-Clement. O ano de 1871 ele passa viajando entre Londres e Paris, onde visita museus e jardins botânicos.
Ao final da guerra franco-germânica em 1871, Meisenthal com a Alsácia-Lorena passa ao domínio da Alemanha. Em conseqüência, Gallé organiza uma pequena fábrica de vidro em Nancy e amplia a oficina de refinação da cidade. Quatro anos mais tarde também a fábrica de faiança de Saint-Clement é transferida para Nancy e Emile Gallé assume a direção. Em 1878, Gallé participa pela primeira vez da Exposição Mundial de Paris, apresentando vidros esmaltados e lapidados em estilo oriental. Tokouso Takashina, artista botânico japonês, passou os anos de 1885 a 1888 em Nancy, e Gallé recebeu do mestre oriental instruções sobre técnicas de pintura.
Na exposição Internacional de Paris, em 1878, quando recebeu quatro medalhas de ouro, pela primeira vez Gallé travou conhecimentos com seus contemporâneos. Foi lá que viu os primeiros vasos em cameo e conheceu as experiências em vidro de Eugene Rousseau, o vidro iridescente e as formas audaciosas produzidas pela cristallerie de Pantin.
Em 1883, ainda em Nancy, Gallé construiu uma nova e enorme fábrica tendo um grande estúdio para suas pesquisas e funda uma oficina para a fabricação de móveis com marchetaria. No ano seguinte ele apresenta na exposição Union Centrale des Arts Décoratifs, Paris, vidros parcialmente coloridos com decoração floral, conjugando lâminas de metal inclusas ou camadas de metal sobrepostas com pedaços de vidro colorido embutido. Gallé acentua a tendência simbólica de seus vidros com citações de poesia e literatura - verrerie parlante.
É a partir de 1897 que Gallé exibe seus primeiros objetos sobre os quais funde e introduz partes de vidro - marqueterie de verre.
É a partir de 1897 que Gallé exibe seus primeiros objetos sobre os quais funde e introduz partes de vidro - marqueterie de verre.
As exposições mundiais de Paris em 1889 e 1900 representam a consagração definitiva de Emile Gallé, que recebe inúmeras medalhas de ouro, diversos Grand Prix e é nomeado Comandante da Legião de Honra. Estava com 51 anos de idade. Suas oficinas nessa época empregavam cerca de 300 artesãos. Apresentou na mostra inúmeros tipos novos de vidro, muitos vasos em "cameo" com motivos e desenhos copiados dos frisos egípcios, a série dos vasos "negros" onde se destacou o vaso "Orpheus" feito a partir de um desenho de Victor Prouve e com várias figuras esculpidas, inclusive a libélula com

A mobília de Gallé foi mostrada pela primeira vez na exposição de 89, com grande impacto. Foram tantas as encomendas que precisou ampliar a fábrica. Fabricou mesas, cadeiras, escrivaninhas, estantes, mobília de quarto e de sala, tocheiros, porta bengalas, armações para espelho e até taco de bilhar.
Os Impressionistas tiveram grande influência sobre Gallé. "Sua rejeição pelo realismo pictórico em favor da 'impressão' passageira, nasceu do jogo de luzes e sombras e resultou em uma mudança da importância relativa ao artista e sua obra. As idéias sensíveis e criativas próprias do artista que era Gallé encontraram eco nas idéias impressionistas."
Nos anos de 1890 a fama do artista cresceu mais ainda. Tornou-se modismo oferecer vasos de Gallé como presente e Proust, Barão Rotschild, Germain Bapst, Montesquieu, políticos, as classes ricas e a nobreza, todos davam presentes de Gallé, inclusive a municipalidade de Paris freqüentemente encomendava vasos ao artista para presentear chefes de Estado e outros visitantes importantes.

Em 1901, Gallé funda a École de Nancy. Com sua morte - de leucemia, em 23 de setembro de 1904, seu genro, o historiador de arte Paul Perdrizet, assume a direção da empresa que passa a produzir em série os antigos modelos até 1931, quando se encerram as atividades.


Os primeiros vasos de Emile Gallé foram esmaltados e ele continuou a usar essa técnica até morrer. Os primeiros vasos datam de 1878 e foram executados em vidro transparente. A partir de 1880 ele passou a unir a técnica do esmalte com outras, como gravação em ácido e vidros esculpidos. Vidros Falantes foi o nome dado por Gallé aos vasos com inscrições. As peças que eram uma declaração simbolista ou impressionista receberam o nome de Poemas Vitrificados. Vasos Negros, também referência para os "verres hyalites" é a denominação de um grupo de vasos produzidos para a exposição internacional de Paris. A técnica consistia, grosso modo, em recobrir de negro ou marrom um vaso transparente e depois gravar com imagens. Vasos de Tristeza é um título genérico usado por Gallé para designar os vasos cujo clima evocasse pensamentos melancólicos, sentimentos de saudade, etc. Ele usava uma variedade de técnica e cores. Vidros Entalhados, Burilados: Gallé desenhava modelos florais e outros que eram gravados no vidro esmaltado, tantas vezes quanto necessário para revelar as cores do esmalte sob a superfície, obtendo uma enorme quantidade de nuances de cor e de efeitos.
Com raras exceções, os vidros produzidos pela Fábrica de Gallé eram assinados. A única exceção real eram os copos que faziam parte de um conjunto onde a assinatura ficava na peça maior.
Com raras exceções, os vidros produzidos pela Fábrica de Gallé eram assinados. A única exceção real eram os copos que faziam parte de um conjunto onde a assinatura ficava na peça maior.
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