15 de junho de 2009

LE CREUSET






Le Creuset, uma empresa francesa nascida em 1925 para fabricar panelas de ferro fundido esmaltadas, sobreviveu a incontáveis avanços tecnológicos dentro do mundo culinário – e ainda hoje é sinônimo de paixão para quem cozinha por profissão ou por puro amor.

Mas é um relacionamento curioso. O motivo principal é que não basta achar bonitas as cores laranja, vermelhona, azul profundo (ou a ainda sequer lançada cor-de-rosa) dos utensílios Le Creuset e decidir ter uma dessas. É preciso pagar por ela. E uma das primeiras coisas que se fica sabendo sobre essa simples panela, além de seus inúmeros pontos positivos, é seu preço.
Vamos devagar, para não assustar: acha bonitinha uma panelinha com 10 centímetros de diâmetro, perfeita para cozinhar uma porção individual? Ela sai por cerca de R$ 80. Prefere uma maior, digamos uma caçarola média ou uma panela de fato, com 33 centímetros? Se paga algo em torno de R$ 700 pela primeira e mais de R$ 1.000 pela segunda.

Depois de achar a panela uma graça, a maioria dos mortais recolhe o sorriso e vocifera contra o absurdo desses preços. É impossível para o público comum entender por que uma simples panela custaria o preço de uma geladeira. Chefs de cozinha, por outro lado, compreendem. Ou ao menos tentam.

O fabricante se apressa em explicar que toda panela Le Creuset segue rigorosíssimos padrões de qualidade – desde a escolha da matéria-prima até a produção, esmaltação e até na embalagem final.
Os utensílios, para se ter uma ideia, não têm qualquer ponto de solda. Cada peça passa pelas mãos de cerca de 30 artesãos até ganhar vida – e a performance que é esperada dessa “Ferrari das panelas”. Além disso, uma Le Creuset apresenta rigorosamente a mesma espessura nas laterais, no fundo e na tampa da panela, o que é garantia do cozimento mais uniforme possível.

A distribuição de calor já faz um efeito por si só, o de engrandecer o sabor e o aroma dos alimentos. Também por causa desse cozimento altamente uniforme, carnes, legumes etc. não perdem líquidos e propriedades, um belo ganho nutricional. E, para sacramentar, o esmalte vitrificado do interior da panela facilita muito a limpeza após o preparo das refeições.

O bom é que, com o passar das décadas, todo esse preciosismo na arte de fazer utensílios não parou na área das panelas para a Le Creuset. Hoje a marca já fabrica (na cidade de Fresnoy Le Grand, França) também frigideiras, conjuntos para fondue, molheiras, travessas, réchauds. Linhas de acessórios para cozinha, como espátulas, colheres, batedores e formas de silicone, além de badaladas chaleiras e de artigos têxteis, saem dos fornos nos Estados Unidos e na Tailândia.

Mas todos os tecnicismos a respeito da Le Creuset perdem força quando comparados à paixão que ela provoca. Destinada a um público específico, amante da boa mesa e disposto a pagar o preço, qualquer panela ou travessa da marca não fica escondida em armários, mas sim é bem destacada – até por ser 100% apropriada para ir do fogão ou forno para a mesa (as tampas, por exemplo, possuem cabos também resistentes às altas temperaturas).

E, ao falar dessa devoção de chefs profissionais e amadores, é impossível não citar uma tal tradição francesa: em certas famílias, quando há um casamento, a noiva deve ganhar de presente da mãe ou da sogra uma Le Creuset, já usada. Seria um desejo de boa sorte. E vale dizer que ser um presente usado não muda em nada já que – preparados? – todos os produtos Le Creuset têm garantia de 100 anos. Um presente que poucos podem ter, mas muitos gostariam.

Flávia Pegorin – do site: http://gourmet.ig.com.br