9 de maio de 2009

Bolsas Birkin X Bolsas Kelly - Hermès








Em 1984 a atriz inglesa Jane Birkin viajava ao lado de Jean-Louis Dumas, herdeiro e então presidente da HERMÈS, num vôo entre Paris e Londres. Jane reclamou que não existia no mercado uma bolsa grande e prática o suficiente para a vida da mulher moderna. Meses mais tarde surgiria a Birkin, baseada em um modelo original do fim do século 19- o mesmo que deu origem à bolsa Kelly, uma homenagem à princesa Grace Kelly e campeã de vendas da Maison.


Uma Birkin custa pelo menos 5,5 mil euros. Apenas cinco exemplares são feitos por semana no ateliê da cidade francesa de Patin. Um único artesão leva 25 horas para construir o modelo, que deve apresentar duas alças, fecho com logotipo gravado, cadeado, correia de couro horizontal e tachas na base. O tipo de couro e a cor têm impacto no preço. Laranja, o tom símbolo da maison, é um fetiche.

Jane Birkin declarou certa vez que a fama da bolsa tinha ultrapassado a sua própria: "Agora, quando minha filha (a atriz Charlotte Gainsbourg) vai para a América, eles perguntam-lhe se ela é a filha da bolsa."


Nos últimos anos a bolsa ficou cada vez mais conhecida (e desejada) por causa do grande número de celebridades que a usam (dizem que Victoria Beckham tem uma coleção com cerca de 100 Birkins em diferentes cores e tipos de couros e ganhou uma em crocodilo e diamantes no último Natal).







Há grande dificuldade de adquirir uma, não apenas pelo preço (entre cerca de U$9.000,00 a U$148.000,00 – (a Birkin de couro de crocodilo com diamantes) mas também pelas lendárias listas de espera.










Na quarta temporada do seriado Sex and the City a personagem Samantha briga com Lucy Liu (interpretando ela mesma) por comprar uma Birkin Bag em seu nome, fingindo que a bolsa era para a atriz (e por isto "furando a fila").


O americano Michael Tonello, comprava e vendia produtos no eBay e ficou sabendo da saga desesperada de muitas mulheres atrás de uma Birkin para chamar de sua. Ele conseguiu driblar a tal "lista" ao descobrir uma tática: ia numa loja HERMÈS, pedia vários outros ítens no valor de cerca de US$ 2 mil a US$ 3 mil, e só perguntava se a loja tinha alguma Birkin na hora de pagar.

Voilá, num piscar de olhos a cobiçada bolsa aparecia, bolsa esta que era revendida bem mais cara para suas clientes loucas em conseguir uma. Ele fez este "esquema" durante alguns meses, até que a HERMÈS descobriu e ele se tornou persona non grata nas lojas da grife. A história se tornou livro Bringing Home the Birkin (Levando a Birkin para Casa), que ainda não saiu no Brasil, mas dizem que é uma delícia. Nele ele afirma que comprou 130 peças!

A história

A tradicional e chique marca francesa HERMÈS, que ficou conhecida mundialmente pela cor laranja, começou sua história em 1837 quando um seleiro, Thierry Hermès, abriu uma loja em Paris onde vendia acessórios em couro como baús para carruagens, selas, estribos, malas, cintos com porta-moeda, botas e luvas (longas e curtas). A oficina foi chamada inicialmente de Caléche, que depois daria nome a um dos mais conhecidos perfumes da grife. Uma das novidades da década de 20 foi o lançamento, em 1923, das bolsas com zíper, uma grande novidade para época. Ainda nesta década, seu neto, Émile-Maurice, começou a desenhar roupas feitas de couro de veado. Isto culminou com o lançamento da primeira coleção feminina no ano de 1929.

O principal negócio da empresa era a produção artesanal de peças de couro, apesar de ter-se tornado famosa por dois produtos: lenços de cabeça com motivos eqüestres e a bolsa de couro em forma de trapézio chamada “Kelly”. Esta bolsa deve a Grace Kelly a fama internacional. A bolsa de couro Grace Kelly foi criada em 1935 e tinha um formato que lembrava um trapézio e a alça curta. O nome, adotado oficialmente em 1956, foi uma homenagem da marca à princesa de Mônaco porque ela jamais se separava da sua bolsa da HERMÈS, principalmente em suas freqüentes aparições na cultuada revista Life.
Em 1940, quando a Segunda Guerra Mundial fez sumir o estoque do fornecedor, a embalagem de cor bege utilizada pela grife, precisou ser trocada pela única cor disponível: o laranja. Era o início do surgimento de um símbolo da marca. Quando Émile-Maurice morreu em 1951, seu genro Robert Dumas assumiu o comando da marca. Ele foi o responsável pela introdução das gravatas, malas de viagens, toalhas de praia e perfumes da marca no mercado.



A tradição de criar objetos para a casa vem desde a origem da marca, em 1837. No início, eram produzidas apenas pequenas peças: cinzeiros, toalha. Em 1974, surge o departamento Maison, na loja de Faubourg, em Paris, com a venda dos primeiros conjuntos de toalhas impressas, conhecidas como Léopards. Atualmente, o departamento de lifestyle do grupo desenvolve coleções de mobiliário para escritório, mesa e tapeçarias. Depois de uma passagem gloriosa do designer belga Martin Margiela, a HERMÈS contratou em 2003 o renomado Jean-Paul Gaultier para assumir o posto de estilista da grife.




A chave do sucesso da grife sempre foi à elegância e a sobriedade em suas coleções. HERMÈS não é uma marca que segue qualquer estilo. Na verdade, dita tendências, faz estilo. Sua união entre tradição é inovação, entre tecnologia e talento, é o segredo que confere tamanho frescor a uma marca nascida no século 18. Atualmente, a quinta geração da família está no comando da empresa, o atual presidente, Jean-Louis Dumas, é tataraneto do fundador.




A linha do tempo



1923 ● Lançamento da bolsa Boldie, primeiro modelo a ter zíper como fecho.



1930 ● Lançamento da bolsa Plume, com seu retângulo clássico carregado por Catherine Deneuve.


1935 ● Lançamento da bolsa Kelly.



1958 ● Lançamento da bolsa Trim, feita de lona com bordas de couro, uma das preferidas de Jack Kennedy.



1961 ● Lançamento do perfume Caléche, um dos mais famosos da história, que possuía uma flagrância deliciosa, suave e refrescante, resultado de uma combinação de essências de néroli, bergamota, limão, lírio-do-vale, sândalo e vetiver.



1969 ● Lançamento da bolsa Constance, modelo a tiracolo com fecho em forma de H na Ferragem.



1970 ● Lançamento da coleção de sapatos masculinos e femininos.


1984 ● Lançamento da bolsa Birkin, uma criação conjunta da cantora Jane Birkin e do presidente da empresa Jean-Louis Dumas. Um dos maiores sucessos até os dias de hoje.



2005 ● Lançamento do comércio on-line para a venda de seus produtos sofisticados. Os produtos somente são entregues na França, Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha.



2007 ● Foi responsável pela criação do helicóptero mais sofisticado do mercado. Tendo como base o elegante modelo EC135 da Eurocopter, o interior do veículo aéreo da grife francesa foi concebido pelo designer italiano Gabriele Pezzini, seguindo a tradição de luxo e sobriedade da marca até o último detalhe. Equipado com bancos forrados de pele, frigobar e oferecendo um grande conforto, o helicóptero se torna o transporte ideal para viagens aéreas de pequena e média distância. Tendo a produção limitada a seis unidades anuais, o EC135 HERMÈS poderá ser personalizado pelo cliente, não só na cor do exterior, como igualmente nos materiais utilizados na cabine.



O símbolo




O primeiro lenço de seda HERMÈS, inspirado nos modelos usados pelos cavaleiros, foi lançado em 1928 e rapidamente se tornou objeto de desejo de milhares de mulheres que o ostentavam como um sinal de classe e poder. Para a promoção desta peça de 90 centímetros e pintada à mão, muito contribuíram nomes famosos como a rainha Isabel II da Inglaterra, Grace Kelly, Audrey Hepburn, Catherine Deneuve, Jacqueline Bouvier Onassis e mais recentemente Sharon Stone, Sarah Jessica Parker, Hillary Clinton, Elle Macpherson e a cantora Madonna.



Desenhados por artistas conhecidos, os lenços seguem um longo processo de fabricação, que pode chegar a 30 meses, e necessitam em média de 24 cores diferentes (são vários modelos, longos, triangulares e quadrados, e o mais famoso é o carré Hermes, de 90×90 cm). Um luxo tipicamente francês. O sucesso destes lenços não se mede apenas por quem os usa mas também pelo número de pessoas que os compram: a cada 25 segundos é vendido um novo exemplar no mundo.



Por ano são lançadas duas coleções contendo 12 lenços que custam em média US$ 325.




A produção




Cada produto HERMÈS é exclusivo. Ainda hoje, mais de 165 anos depois de sua fundação, a empresa continua trabalhando com o mesmo padrão de qualidade e sempre primando pelo trabalho artesanal, pela exclusividade dos produtos e pelo valor agregado em cada peça.


A marca se orgulha de ser uma empresa moderna, atual, mas que nunca deixou perder sua identidade e sua preocupação em elaborar produtos que sejam fruto do talento humano, muito mais que da tecnologia. Diariamente, cada um dos 620 artesões que trabalham nas 33 fábricas do grupo se dedica a produção de uma única peça, do começo ao fim do processo.


A HERMÈS definitivamente não foi afetada pelas idéias do americano Henry Ford, que criou a linha de montagem. Cada artefato que sai dos ateliês da marca é assinado pelo profissional que o fez, permitindo rastrear com precisão eventuais defeitos de cada peça.


A produção escassa é o que garante a HERMÈS uma aura de exclusividade. Essa situação é mais evidente no segmento de bolsas, o produto de maior sucesso da empresa.




Para ter acesso a alguns dos modelos Birkin ou Kelly, os mais cobiçados do planeta, é preciso esperar dois anos e pagar cerca de R$ 20.000. Apesar de relativamente pequena, a HERMÈS tem conseguido se destacar em meio a um universo dominado por poderosos e gigantescos conglomerados de luxo. Para garantir este status, os proprietários da empresa matém uma intransigência quase visceral em relação aos padrões exigidos para as matérias-primas empregadas na confecção de seus artigos.




No início de 2007, os diretores da empresa dispensaram um lote inteiro de pele de crocodilo simplesmente porque a tonalidade apresentada pelo couro do animal, levemente amarelada, não condizia com a cor esperada pela empresa.



As clientes que estavam na fila à espera de uma bolsa feita com o material, uma das mais caras da grife francesa, estimada em R$ 80.000, tiveram que se conformar com um novo prazo de entrega, daqui a dois anos. Apesar deste incidente, não houve desistência nos pedidos. Por isso, hoje em dia, existem filas de espera quilométricas para alguns desses produtos, com destaque para os acessórios de equitação e as bolsas Kelly e Birkin. Uma bolsa HERMÈS que precise de conserto será reparada pelo mesmo artesão que a confeccionou.


Da mesma forma, os perfumes são pensados, elaborados e produzidos como verdadeiros poemas. São criados a partir da inspiração do perfumista Jean Claude Ellena e de seu talento para transformar, como ninguém, mensagens em aromas. São viagens de sensações e de alma.



O valor Segundo a consultoria britânica InterBrand, somente a marca HERMÈS está avaliada em US$ 4.57 bilhões, ocupando a posição de número 76 no ranking das marcas mais valiosas do mundo.


A marca no mundo


A marca está presente em mais de 60 países com 283 lojas próprias (+ 39 espaços em outras lojas - chamadas Store In Store) que vendem artigos de couro, perfumes, bolsas, lenços, roupas, jóias, relógios, gravatas, sapatos, entre outros produtos. O Japão representa o maior mercado para a marca que fatura €1.76 bilhões anualmente.



● Desde sua inauguração a grife francesa nunca fechou uma loja no mundo inteiro.


Foie Gras










O foie gras - termo que em francês significa "fígado gordo" – é o fígado de um pato ou ganso que foi super-alimentado. Junto com as trufas, o foie gras é considerado uma das maiores iguarias da culinária francesa. Possui consistência amanteigada e sabor mais suave em relação ao fígado normal de pato ou ganso.
Organizações de direitos dos animais consideram cruel o procedimento de produção do foie gras.





História





Antiguidade





Até o início do Século XXV a.C. é possível que os antigos egípcios procurassem os fígados engordados das aves migratórias como uma iguaria. Eles rapidamente aprenderam que muitos pássaros poderiam ser engordados através da superalimentação e começaram a prática em gansos. Na necrópole de Saqqara, a tumba de Mereruka, um importante oficial real, contém um baixo relevo de uma cena onde escravos apertavam o pescoço de gansos para empurrar-lhes pedaços de comida goela abaixo. Ao lado dos escravos havia pilhas com mais pedaços, provavelmente feitas de grãos, e um frasco com água para umedecê-las antes de dar aos gansos.



A prática de engorda de gansos se espalhou do Egito para a região mediterrânea. As referências mais antigas a gansos engordados datam do Século V a.C. do poeta grego Cratino, que escreveu sobre os "engordadores de ganso". Mas o Egito ainda manteve sua reputação como fonte de gansos engordados. Quando Agesilaus, rei de Esparta, visitou o Egito em 361 a.C., ele foi presentado com fígado de ganso pelos ricos fazendeiros egípcios.



Entretanto, até o período romano o foie gras não havia sido mencionado como uma comida distinta, até que os romanos lhe deram o nome iecur ficatum, que em Latim significa literalmente "fígado de figueira". Plínio, o Velho, credita ao gastrônomo romano Apício (a quem um livro de culinária da planta é atribuído) a alimentação de gansos com figos para aumentar seus fígados. Daí o termo iecur ficatum, "fígado estufado de figo". O termo ficatum ficou tão associado com o fígado do animal que se tornou a raiz das palavras fígado em português, foie em francês, higado em espanhol e fegato em italiano, todas denominando aquela parte do animal.



A idéia de alimentar gansos com figos pode ter sido trazida de
Alexandria.



Europa pós-clássica


Após a queda do Império Romano, os gansos foram temporariamente banidos da cozinha européia. Diz-se que os fazendeiros gálicos preservaram a tradição de fazer foie gras por séculos até que ela foi redescoberta, entretanto, esta teoria não tem evidências plausíveis, uma vez que é sabido que as fontes de carne da França medieval foram principalmente o porco e a ovelha.



É mais provável que o foie gras tenha sido preservado pelos judeus, que teriam aprendido o método após a colonização de Israel pelos romanos. Os judeus teriam levado a tradição à medida em que migraram para o norte e o oeste. O Kashrut, que contém as leis da dieta judaica, os proibia de usar óleo feito à base de gordura de porco para cozinhar, e a manteiga não era uma alternativa, já que também era proibido misturar laticínios e carnes. Os judeus utilizavam azeite na região mediterrânea e óleo de sésamo na Babilônia, mas nenhum era fácil de se encontrar nas regiões oeste e central da Europa, então passaram a usar gordura de aves domésticas, que podiam produzir em quantidade através de gansos super-alimentados.



A suavidade do sabor desse fígado foi rapidamente apreciado, fato atestado por Hans Wilhelm Kirchhof de Kassel que escreveu em 1562 que os judeus extraíam gordura dos gansos e particularmente apreciavam o fígado. Rabinos se preocuparam com as complicações éticas de super-alimentar gansos e comer seu órgão inchado, e a questão permaneceu uma das mais debatidas da lei da dieta judaica até o gosto pelo fígado de ganso decair no Século XIX.



Gastrônomos não-judeus começaram a apreciar o fígado de gansos engordados, que eram comprados em guetos de judeus. Em
1570, Bartolomeu Scappi, cozinheiro do Papa Pio V, publicou seu livro de receitas Opera, onde ele conta que "o fígado dos gansos domésticos é inchado pelos judeus a tamanhos e pesos extremos, chegando a mais de 1 kg". Em 1581, Max Rumpolt de Mainz, cozinheiro de muitos nobres alemães, publicou o volumoso livro de receitas Kochbuch, contando que os judeus da Boêmia produziam fígados pesando 1 kg e meio. Rumpolt mostrou várias receitas usando esses fígados, uma delas um mousse.



Principais produtores


A França é o "lar" do foie gras: 80% da produção mundial (16.370 toneladas em 2003, 96% de pato e o 4% de ganso) e 98% do processamento occorem na França 30.000 pessoas estão envolvidas na indústria, com 90% residindo na região de Périgord (Dordogne) e Midi-Pyrénées, no sudoeste, e também no leste (Alsácia). A União Européia reconhece o foie gras produzido de acordo com os métodos tradicionais das fazendas (label rouge) no sudoeste da França.



Em
Quebec também está prosperando a indústria do foie gras. Muitos cozinheiros canadenses usam foie gras de Quebec como uma demonstração de orgulho nacionalista.


Métodos de produção



Patos e gansos são onívoros e, como muitos pássaros, possuem gargantas bastante elásticas, que se expandem e os permite armazenar comida no esôfago (também chamado de "papo" das aves) enquanto espera a digestão no estômago. Na natureza, essa dilatação os permite engolir alimentos grandes, como peixes inteiros, para um longo processo digestivo. Um pato selvagem pode dobrar de peso no outono, acumulando gordura por seu corpo, especialmente no fígado. Esse ganho de peso é inteiramente reversível, tanto no animal selvagem quanto no doméstico.
Os gansos ou patos utilizados na produção do foie gras são inicialmente criados soltos, comendo em gramados para fortalecer o esôfago. Enquanto ainda caminham livremente, é introduzida gradativamente uma dieta com alto teor de
amido, que por si só aumenta o peso do fígado em 50%.



A fase seguinte, chamada pelos franceses de finition d'engraissement (complementação do processo de engorda), envolve ingestão ou alimentação forçada durante os últimos 12 a 15 dias de vida para patos e 15 a 18 dias para gansos. Durante essa fase, os patos são geralmente alimentados seis vezes por dia, e os gansos oito vezes. A alimentação é ministrada por um tubo, de 20 a 30 cm de comprimento, introduzido forçadamente até o esôfago do animal. Se utilizado um eixo helicoidal, o processo dura de 45 a 60 segundos; Se usado um sistema pneumático, apenas 2 ou 3 segundos. Quase todos os produtores, atualmente, utilizam-se do segundo método. É tomado cuidado durante a alimentação com a integridade do esôfago que, em caso de dano pode levar facilmente à morte do animal.



A alimentação forçada explora da forma mais radical possível um processo natural, através do qual patos e gansos armazenam gordura em seus fígados em preparação para a migração de inverno. A alimentação, geralmente milho embebido em manteiga para facilitar a ingestão, causa uma grande acumulação de gordura no fígado, responsável pela sua consistência amanteigada.



Patos utilizados na produção de foie gras são geralmente Mulard, ou seja, são híbridos estéreis: machos da espécie Cairina moschata cruzados com fêmeas de patos domésticos (Anas platyrhynchos). Esses patos são geralmente preferidos aos gansos, porque a carcaça de um pato engordado possui mais valor; outros usos desses patos incluem receitas populares como o confit de canard.

Apresentação

Na França, o foie gras existe em algumas formas definidas em lei. Da forma mais nobre para a menos nobre, temos:


foie gras entier (foie gras inteiro) – feito de um ou dois lóbulos de fígado inteiros, podendo ser cozinhado (cuit), semi-cozinhado (mi-cuit) ou fresco (frais);





foie gras – feito de pedaços de fígado reunidos;


bloc de foie gras – um bloco moldado e completamente cozido, feito de 98% ou mais de foie gras; se denominado avec morceaux (com pedaços), pode conter pelo menos 50% de pedaços de foie gras de ganso e 30% de pato.



Além dessas formas de apresentação, existe o pâté e o mousse, feitos de 50% ou mais de foie gras, e o parfait, com 75% ou mais de foie gras, e outras apresentações não definidas em lei.
Formas completamente cozidas são geralmente vendidas em latas de metal ou vidro para conservação por um tempo mais prolongado. Um foie gras fresco e inteiro geralmente não está disponível, exceto em alguns mercados das regiões produtoras. Algumas vezes são encontrados foie gras inteiros e congelados em supermercados franceses.


O foie gras francês geralmente é preparado em fogo baixo (terrine), já que o foie gras de ganso sofre grande derretimento de gordura. O paladar norte-americano, acostumado ao foie gras de pato (mais barato), o prepara em temperaturas mais elevadas. A recente introdução do foie gras de pato na culinária francesa resultou em receitas que misturam tradições de outros países. Em outras partes do mundo, o foie gras é servido em formas mais exóticas, como o sushi de foie gras e o foie gras em bifes.


O foie gras pode ser saboreado com trufas ou licores. É comumente servido acompanhado por pães ou torradas. Muitas vezes é servido com um vinho de sobremesa, embora muitas pessoas o prefiram com vinho seco. O foie gras também pode vir acompanhado por uma salada.


Consumo


O foie gras é um prato luxuoso. Muitas pessoas na França o consomem apenas em ocasiões especiais, como o jantar de Natal ou réveillon, embora a crescente disponibilidade de foie gras tenha baixado seu preço.



O foie gras de pato é mais barato e, graças à maciça produção iniciada na
década de 1950 é, de longe, o mais comum. O sabor do foie gras de pato é geralmente descrito como suave e subtamente amanteigado. O foie gras de ganso é notado por ser ainda mais suave.


Crueldade


Muitos contestam o método de alimentação dos gansos e patos, considerando-os forçados e cruéis. Eles usam o termo gavage, que em francês significa "estufado por alimentação em excesso" (e também é um termo médico para a alimentação daqueles que não podem fazê-los sozinhos). Após pressão política de organizações de direitos dos animais, certas
jurisdições baniram a prática de gavage.


Muitos produtores de foie gras não consideram seus métodos cruéis, insistindo que é um processo natural que explora a capacidade do animal. Eles argumentam que patos e gansos ingerem grandes quantidades de alimento antes da migração. Salientam ainda que patos e gansos não possuem o reflexo de engasgar, não sentindo assim nenhum desconforto.



No final de 2003, uma coalizão francesa de grupos protetores dos direitos dos animais publicou a Proclamação pela Abolição do Gavage, clamando que a prática de alimentação forçada já é ilegal, baseando-se nas leis atuais de proteção aos animais na França e na União Européia. Entretanto, essas leis deixam muita margem à interpretação. O Conselho da União Européia publicou a Diretiva 98/58/EC em 20 de julho de 1998 concedendo proteção aos animais das fazendas. A diretiva estipula que "produtores ou donos de animais devem assegurar o bem dos animais e cuidar para que esses animais não sofram desnecessariamente".


O relatório científico da União Européia Comitê da Saúde Animal Sobre Aspectos da Produção de Foie Gras em Gansos e Patos, adotado em 16 de dezembro de 1998 é um relatório de 89 páginas de estudos oriundos de diversos países produtores. O relatório aponta que a mortalidade dos animais aumenta de 10 a 20 vezes durante o período de alimentação forçada. Além disso, enquanto as conseqüências da alimentação forçada em pássaros é reversível, o "nível de esteatose deveria ser considerado patológico".


O relatório da União Européia também enfatiza que a contínua alimentação forçada causa a morte prematura dos animais. Também reconhece que os produtores não colocam os fígados de seus pássaros em um estado patológico. O tempo de engorda dos fígados é cuidadosamente controlado para que o animal seja abatido antes que haja risco à saúde. Um animal que pára o processo de alimentação forçada retorna ao seu peso normal. Produtores e o relatório também respondem às críticas da crescente mortalidade ao notar que a mortalidade geral de patos e gansos na produção do foie gras é muito menor que nas fazendas que engordam galinhas e perus.
Algumas afirmações fisiológicas alegadas pelos produtores são contraditas no relatório da União Européia. Em resposta ao engasgo das aves, o relatório diz, "a área da orofaringe é particularmente sensível e é fisiologicamente adaptada para produzir um reflexo de engasgo para prevenir que fluidos entrem na traquéia. A alimentação forçada teria que contornar esse reflexo, já que para as aves isso é forçoso e pode ocasionar danos". Alguns críticos argumentam que os pássaros estariam melhores se fossem sedados antes de serem alimentados. Outros sugerem a remoção cirúrgica do fígado dos pássaros que morreram de causas naturais e então inseri-los em soluções de gelatina, álcool e manteiga.


Grupos de indústrias afimarm que a alimentação forçada não é cruel e mesmo que os animais apreciam esse tratamento. O comitê da União Européia levou adiante vários testes para detectar dor ou estresse através da observação dos hormônios e todos eles foram inconclusivos ou sem diferenças significativas. O comitê não observou quaisquer sinais de que os animais apreciavam a alimentação forçada, e observou que patos tentavam fugir quando seu alimentador entrava na sala. Entretanto, veterinários que trabalham em fazendas de foie gras têm observado um comportamento que indica que os animais apreciam a alimentação forçada.


Alguns produtores de foie gras dos Estados Unidos procuram proteção como "exceção cultural", semelhante às touradas no sul.


O foie gras é ilegal em muitos locais, e há legislação pendente em outros. Em agosto de 2003, a Suprema Corte de Israel declarou a produção de foie gras como crueldade animal, e tornou a produção ilegal a partir de março de
2005. Em 29 de setembro de 2004, o Governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, assinou uma lei que irá banir a produção e a venda de foie gras oriundos de alimentação forçada de aves a partir de 2012. A lei permitiria a produção de foie gras por métodos considerados não-cruéis aos animais. Uma lei similar está pendente no estado de Nova Iorque. Esses são os dois únicos estados nos Estados Unidos com indústrias produtoras de foie gras.


A alimentação forçada é proibida nos seguintes países: